domingo, outubro 29, 2006

Tiergarten

No sábado, durante o dia, cortei a cidade de leste a oeste. E voltei. Devo ter andado uns 20 quilômetros em 10 horas. Talvez por isso estava tão cansado durante a noite.

É que a paisagem do Tiergarten, o grande parque de Berlin, no outono, faz qualquer caminhada longa valer a pena.




Oranienburgerstrasse

Quando se viaja sozinho é inevitável um momento em que tudo o que se quer é estar em sua cidade, em casa ou saindo com seus amigos. É um sentimento meio contraditório, uma sensacão de que há algo de errado... e que se alimenta do cansaco, do não reconhecimento de nada nem niguém, da falta de uma restaurante que venda arroz e feijão.

Quer-se apenas ficar no albergue. Ou melhor, na cama, em baixo da coberta. Felizmente, já viajei muito sozinho e aprendi que o melhor a fazer é sair mesmo sem querer, ou pelo menos ir pro bar do albergue e conversar com quem quer que seja.

Na noite de sábado, forcando-me a sair, fui passear pela Oranienburgerstrasse, em Berlin oriental. Encontrei uma rua que me pareceu em longa reforma, mas sem querer deixar de ser ruína. Atêlies em edifícios semi abandonados; restaurantes extravagantes com cardápio escrito igual nossos botequins; prostitutas que mais parecem modelos em mini vestidos de luxo abordando todos os transeuntes; trailers de cacrorro quente e comida asiática; e cafés super aconchegantes, num dos quais parei pra comer um doce e pensar em como aquela rua parecia com meu estado de espírito.

Mas antes uma indecisa, contraditória e apimentada confusão do que uma tranquilidade sem sal. Pelo menos pra mim. Por enquanto?

Abaixo uns pedacoes da Oranienburgerstrasse.




sábado, outubro 28, 2006

Festival de Luzes em Berlin

Não tenho tido muito tempo pra escrever esta semana. É que na próxima tenho provas de Direito Internacional e, por isso, estou estudando de forma mais incisiva nos últimos dias. A prova terá como pano de fundo a situacão na Coréia do Norte, sobre o qual eu tinha conhecimentos bem rasos. Assim, tive que fazer um esforco extra. O lado bom é que o caso é extremamente interessante e atual. Desta forma, o futuro dirá se nosso raciocínio na prova estava correto. (ou se os Estados estarão agindo com legitimidade e legalidade).

Então vou apenas postar algumas fotos de Berlim. Estas foram tiradas no primeiro dia. Ou melhor, na primeira noite. Dei sorte de chegar em Berlin durante um "festival de luzes", iluminando os principais palácios da cidade. Foi um ótimo cartão de boas-vindas.

Catedral de Berlin e Torre de TV:

Catedral sob outro jogo de luz:

Portão de Bradenburgo:

Postdamer Platz:

Sony Center:

Altes Museum:

terça-feira, outubro 24, 2006

Naquela noite, o muro caiu

Em 1990 o U2 foi pra Berlin gravar o seu mais importante trabalho. Era a cidade onde o mundo estava acontecendo. Rita Lee foi lá até antes dos irlandeses. Assim que soube da queda do muro, pegou um avião pra Berlin pra ver o que estava acontecendo (honestamente, minha lembraca é meio vaga se ela realmente foi ou se quis ir, mas acho que foi).

Este não é um relato cronologicamente fiel.

...Ainda no primeiro dia, fui aos marcos resultantes da segunda guerra mundial. Uma mínima parte do muro de Berlin está lá. Atrás dele, o museu “Topografia do terror”, explicando o funcionamento da máquina nazista e detalhes do julgamento de Nuremberg. Ali perto, está o Checkpoint Charlie, onde tanques do oeste e do leste se entreolhavam. Estes lugares, numa área de poucos quarteirões, fizeram-me emudecer. O plano era seguir para o Jewish Museum, mas a visita perdeu o sentido após o Checkpoint. Não me sentia triste, mas sim carregado de tantos acontecimentos veementes. Estava energizado.



Ao lado do Checkpoint Charlie, pode-se ler sobre a sucessão de eventos que levarão à construcão do muro. Ao final, lê-se que:


Na noite de 9 de novembro de 1989, o governo da Alemanha Oriental, tentando evitar o êxodo de Alemães via Hungria, permitiu a visitacão para o lado ocidental.
Naquela noite, mais e mais alemães se juntavam à frente do Checkpoint Charlie.
Naquela noite, eles insistiam em exercitar seu novo direito imediatamente...
Naquela noite, o muro caiu.

Não dá pra visitar nenhum outro lugar depois de ler isso. Só havia uma coisa a fazer: tomar um expresso no Café Adler. Ele sobreviveu ao muro.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Berlin, Achtung Baby!!!!

Uma aula foi cancelada e peguei um onibus pra Berlin.

A Berlin que imaginava era a do U2, quando gravou Acthung Baby.
A Berlin que imaginava era a da asas do desejo.

Ouvia Zoo Station e stay no caminho, repetidas vezes.

Mas a Berlin real é muito mais. É MUITO mais.
Após um dia aqui, já há muito pra contar na volta, no domingo.

domingo, outubro 15, 2006

Landskrona e Vern

Há uma certa urgência em visitar as cidades próximas à Lund. É que os dias comecam a ficar mais curtos e o frio comeca a querer aparecer, ainda que este seja o outono mais ameno de que se tem notícia na Suécia. Assim, combinaram que no sábado iriam visitar uma cidadezinha chamada Landskrona, de onde se pega um barco para a ilha de Vern. Mas, contraditoriamente, saíram na noite de sexta e beberam um pouco demais para quem iria acordar às oito da manhã.

Sábado, 8:00, o telefone tocou. Não atendeu.
8 e pouco, tocou de novo. Não atendeu.
10:00, tocou mais uma vez. Atendeu e ficou sabendo que quase toda a turma não pegou o trem antes acordado e que iriam embarcar no trem das 11:00. OK!!!

Correu, tomou um banho (promete a si mesmo que vai tomar banho todo dia, mesmo no inverno), comeu uma torrada com nutella e às 11:00 pegou o trem.

Landskrona:

Cidade arrumadinha, antiga, bonita, pacata, excelente para um passeio de algumas horas. E, por favor, só de algums horas, pois são suficientes para conhecer o Castelo que deu origem à cidade e para passear pelo centro e pela orla, que é belamente bucólica.

Pegaram o ferryboat pra Vern e, agora já almocados e realmente acordados, divertiam-se mais.



Vern:
Sabe aqueles papéis de parede de computador, com paisagens rurais idílicas? Podem ter sido fotografados em Vern. É uma ilha na qual se pode contar no máximo umas 30 casas, todas com bem cuidados jardins ou vistas para o mar. Foi o refúgio de uma escritora dinamarquesa no século XVIII e serviu de base para um astrônomo que eles consideram importante (há um museu), mas do qual nunca tinha ouvido falar (o que também não quer dizer que o cara não tenha sido importante).
Na ilha se pega um mapa com sugestões para caminhadas e se pode alugar bicicletas. Preferiram caminhar. O navio de volta só saia às 18:30 mesmo...

O dia era ameno, ora ensolarado, ora parcialmente nublado, mas nunca incomodamente frio. Perfeito para caminhar, conversar um pouco, tomar um café no único café da ilha, contemplar os campos, as enseadas e o mar. Enfim, excelente!

Quando chega em um novo lugar, sempre se pergunta se poderia morar nele. É como se estivesse em constante necessidade de mudanca. Não entende bem o porquê. Sobre Vern: "Poderia morar aqui... só um fim de semana... bem acompanhado."


Na volta, após pegarem o ferry, tiveram que esperar quase uma hora na estacão de trem para voltar para Lund. E tudo, tudo, estava fechado. Nem um café, nem um banheiro esta aberto. E o frio comecou a incomodar.

Mas Jin Li, um colega da China, tinha uma dessas modernidades e colocou música para entreter a turma, alcancando plenamente seu objetivo, apesar de atingi-lo de forma diversa do que tinha imaginado: ali, quando todos estavam cansados, sonolentos, loucos pra chegar em casa, ouvir música romântica chinesa (uma mistura de música sertaneja com a vocalista do Kalipso) deu vez a uma sensacão tão surreal que ele teve um ataque de riso que lhe fugiu completamente ao controle. Assim, ele e mais alguns da turma continuaram rindo até chegar em Lund.

Isso lembrou-lhe de um dia em Paris, no qual visitou vários museus. Neste dia, o melhor momento foi a espera de meia hora numa fila pra entrar no Museu D'Orsay, quando seu guarda chuva revirava-se o tempo todo por causa do vento, mas não podia conter o riso por alguma razão da qual não se lembra... Até hoje, esse foi o único guarda chuva seu que recebeu um nome: "Le Fulerrá".

sexta-feira, outubro 13, 2006

The Eraser

Ontem baixei várias músicas de “The eraser”, de Thom Yorke, vocalista do Radiohead. E... uau... como ele continua bom!

Agora ele flerta com música eletrônica e dá até pra soltar algumas faixas, como “harrowdown hill” e a própria “the eraser”, direto numa pista de danca bem sofisticada. Tudo continua meio etéreo, cheio de barulhinhos, como nos últimos discos do Radiohead, mas acrecentou-se um ritmo mais básico, ainda que quebrado; corporal, ainda que troncho.

Quase não há guitarras (nem lembro se há alguma guitarra) e sua falta é sentida, mas não num sentido tão ruim. As músicas seguem sem clímax, sem ápice, o que mantém uma boa atmosfera durante todo o disco, pra ouví-lo do comeco ao fim. É um disco que facilita o esquecimento, inclusive de que se está ouvindo o disco.

Filosófico? Possivelmente não.
Alucinógeno? talvez.
Melhor que o Radiohead dos 3 últimos discos? Certamente.
Melhor que o Radiohead dos 3 primeiros discos? Certamente.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Brasil 2 x 1 Equador

Caso estivesse no Brasil, as chances de assistir a um amistoso entre Brasil e Equador seriam, na melhor das hipóteses, míminas.

Mas já que não estou no Brasil; já que o jogo ocorreu aqui mesmo na Suécia; já que hoje a turma iria comemorar mais uma vez o aniversário de Sally; já que a comemoracão seria num pub mais ou menos legítimo; e já que estava com vontade de comer fish and chips... fui.

No pouco que vi do jogo, o Brasil estava mal como tem sido o costume ultimamente. Mas o Brasil venceu e ainda fiz pouco caso da vitória...
_ Claro que o Brasil ia ganhar, qual a surpresa?

Por sinal, esta é Sally:

domingo, outubro 08, 2006

piauí

Hoje senti inveja de vocês, amigos. Em especial dos que vivem em Brasília.

Imaginei um domingo, um domingo qualquer, um domingo daqueles em que não se planejou nada, preguicoso... enfim, um domingo perfeito pra se ir na livraria Cultura, tomar um café, comprar umas revistas e voltar pra casa, pra não sair mais.

É que tava dando uma olhada no www.nominimo.com.br e me deparei com uma coluna do Sérgio Rodrigues sobre uma nova revista, chamada "piauí".

Não vou reproduzir a coluna. Quem quiser saber mais, é só dar uma olhada no site que citei acima, ou no próprio site da revista, www.revistapiaui.com.br, mas basta dizer que o "pai" da "crianca" é o João Moreira Sales, uma das cabecas mais brilhantes em atividade no Brasil. E ele está muito bem acompanhado: Eduardo Coutinho, Mario Sergio Conti, Danuza Leão, Rubem Fonseca...

Aí pensei em achar a revista casualmente na livraria Cultura. Pensei na grata surpresa que teria, na volta pra casa, com a revista, a folha de São Paulo e a Veja (sim, eu gosto de ler a Veja também). Pensei em deitar e espalhar tudo na cama e depois só levantar pra pegar a pizza encomendada pelo celular, já que meu telefone residencial, gracas à Deus, não funcionava.

Aguardo alguém me dizer se a revista é tão boa quanto a imaginei daqui...

sábado, outubro 07, 2006

Laptop party

Já que comecei o assunto de costumes estranhos...

Antes de sair do Brasil, um advogado bastante viajado me aconselhou a vender meu laptop e comprar um melhor na Europa, já que, como eu passaria mais de um ano aqui, não iria pagar imposto de importacão no retorno. Pensei bem e segui o conselho: vendi o laptop antes de viajar.

Quando cheguei na Suécia, vi que, realmente, apesar de não ser tão barato quanto eu pensava, um laptop não era tão caro quanto no Brasil. Assim, pelo valor que apurei com a venda do meu antigo, comprei um mais atualizado.

Mas o processo de compra demorou quase um mês e foi um trabalho hercúleo. Primeiro, foi uma semana pesquisando preco (quem me conhece sabe como sou neste aspecto) para decidir comprar um “Dell” pela internet, usando meu cartão Visa. Mas, passados dois dias e após receber três emails em sueco, recebi uma ligacão dizendo que o meu cartão não podia ser aceito porque não foi emitido na Suécia.

_ Mas é um Visa internacional. É aceito no mundo inteiro...
_ Não, para a compra de um laptop na Suécia, só aceitamos cartões emitidos na Suécia.

Bem, encurtando a história, só comprei o laptop depois que abri uma conta num banco, o que só aconteceu depois de me registrar no fisco, o que só pude fazer após o meu registro na emigracão. Tempo total para comprar, pagar e receber o laptop: 25 dias.

Por isso, prometi aos meus colegas - que foram muito pacientes enquanto a crianca Ulysses esperava seu brinquedo novo - que daria uma festa de inauguracão do laptop sueco, na qual iria tocar música brasileira.

Detalhe, foi uma festa nos costumes suecos: o pessoal chegou às 19:00, trouxe sua bebida e às 22:00 desligamos o som (o laptop tem uma potência sonora muito boa) e saímos para uma nation, a mesma da história anterior (bleguinska nationen). Como era sexta-feira, pudemos dancar.

O que fazer numa noite de sexta?

Ontem seus melhores amigos do mestrado comemoraram o aniversário de um inglesa que é das mais simpáticas da turma. Decidiram sair pelos bares de Copenhagen e dormir por lá mesmo, no apartamento de uma outra amiga inglesa.
... Mas não tava muito a fim e, apesar da insistência dos amigos, não foi.

Ontem foi convidado para uma festa na casa de uma africana da turma (há uma simpatia natural dos africanos para com ele, pelo fato de ser brasileiro), que prometia ser muita animada.
... Mas não se animou tanto com a promessa de animacão, e não foi.

Ontem tinha um jantar indonésio para o qual só os indonésios da universidade foram convidados, até que recebeu um convite de última hora. Imperdível!
... Mas, não sabe bem o porque, disse não, e não foi mesmo.

Minutos depois, decidiu ir ver o festival de corais na Ópera de malmö. E assim o fez, sozinho. E foi ótimo. Fantástico.

Interessante: quase sempre acerta em cheio quando decide fazer EXATAMENTE aquilo que quer, apesar de tudo (ou melhor, todos) apontarem para outras opcões.

Voltará lá no dia 28 de outubro, mas dessa vez para assistir a um filme: “O encouracado Potekim”, com o detalhe que a trilha sonora será tocada ao vivo, pela orquestra sinfônica de Malmö. Tem certeza de que os noventa reais do ingresso valerão a pena.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Não pode dancar hoje!

Ok, tudo na Suécia é muito limpinho, arrumado, previsível, etc. Mas ontem aconteceu uma coisa surreal. Eu estava na nation aqui perto de casa, conversando após ter jantado carne com molho de cogumelos e batatas. Um verdadeiro banquete, considerando que custou o equivalente a 10 reais.

Bem, o ambiente estava à meia luz e tocava-se uma espécie de dance music até razoável, devo admitir. Provavelmente devido à qualidade da música, um pessoal que estava numa outra mesa levantou-se e foi dancar no meio da pista, já que o refeitório dessa nation - Bleguinska nationen - é também um salão de festas nas noites de sexta.

Mas eles não dancaram nem por um minuto inteiro até que o rapaz que estava no caixa foi lá conversar com eles. Primeiro tentou falar em sueco, mas depois em inglês, já que eram estudantes internacionais. Aí pude ouvir a conversa, já que estava na mesa ao lado da pista.

Eles não podiam dancar naquela noite (quarta) pois a nation só tinha "dancing license", isso mesmo, "licenca para danca", nas noites de sexta. Assim, elas não podiam permitir que as pessoas dancassem nas outras noites, sob pena de correrem o risco de perder a licenca para vender bebidas alcólicas.

Os estudantes, como eu, pensaram que aquilo fosse uma pegadinha, mas não. Eles tiveram mesmo que parar de dancar e logo em seguida baixaram o volume da música.

Como se vê, cada país com sua loucura. Meus amigos suecos passaram o resto da noite tentando explicar a razão da existência de tal licenca, sem nenhum sucesso.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Stadsbiblioteket


Lund tem mais de duas dúzias de bibliotecas, a maioria pertencente a diversos departamentos da Universidade. Há, ententanto, uma biblioteca municipal, onde fui me inscrever para fazer um curso gratuito de sueco, que deve comecar em outubro, com 4 aulas por semana, o que espero que seja suficiente para que em uns seis meses eu possa voltar a ler um jornal diário e também para me orientar melhor, pois apesar de todo mundo aqui falar inglês, as informacões na rua são em sueco, o site do banco é só em sueco, a máquina pra reservar a lavanderia é em sueco e meu computador é todo em sueco.

Após me cadastrar no curso, quis saber se a biblioteca tinha algum guia de viagem da Escandinávia, já que deixei meu guia no Brasil, por absoluta falta de espaco na bagagem. O diálogo abaixo aconteceu lá:

-Vocês têm guias de viagem da escandinávia?
-Sim, temos.
-Você poderia me dizer onde estão?
-Claro, é só você me seguir.

Após me passar cinco guias de viagem, a atendente me perguntou:

-Você quer levar qual deles?
-Posso tomar livros emprestados da Biblioteca?
-Sim.
-Quanto tempo posso ficar com os livros?
-Um mês, mas você pode renovar por mais dois meses, pela internet.
-Quantos posso levar de uma vez?
-500.
-Não, quero saber quantos posso levar agora, de uma vez?
-500.
-Como assim?
-O sistema permite que você fique com até 500 livros por vez. Depende mesmo é de quantos você puder carregar.
-Ah, tá. vou levar estes cinco, então.

domingo, outubro 01, 2006

Corrida perto de casa



Naquele dia fez sua primeira corrida no parque ao redor de sua casa. Estava nublado e até choveu um pouco. Mas sentiu-se muito bem.

Gosta dos arredores de onde mora.
Gosta das árvores comecando a mudar de cor.
Sabe que o eventual frio que sentirá no outono em nada se compara ao prazer de ver a mudanca na natureza que este mesmo frio proporciona.

Do verde ao amarelo, ao vermelho, ao marron, ao chão.
Fica feliz em poder ver todo este processo de envelhecimento.

E pensa sobre seu próprio envelhecer.
Prefere vê-lo como este processo cíclico das estacões do ano na zona temperada, esquecendo do processo linear.
Deseja viver vários outonos e não apenas "o outono" de sua vida.
E deseja também os invernos, sem os quais a primavera não tem a menor graca.

Fotos do parque próximo à Vildandsvägen:




A foto abaixo é da primeira árvore que viu comecar a mudar de cor:

Jantar sueco

Eu e uns colegas do mestrado fomos convidados para um "sitting", na faculdade de Direito. Era um espécie de jantar um tanto formal, com lugares marcados, onde seria servido um prato típico sueco e todos cantam umas músicas tradicionais suecas. Tinha que pagar uma taxa, mas era só de 15 reais e já incluia a refeicão, uma cerveja e um drinque tradicional sueco que eu não sei escrever (nem pronunciar) o nome.

Na hora marcada, às 19:00, pontualmente, eu (e todo mundo) estava lá e a diretora do grêmio estudantil deu as boas vindas. O lugar estava super decorado. Velas em todas as janelas, mesa bem posta. Super legal mesmo.

Pausa: ainda estou me acostumando com o horário de saída noturna dos suecos. É tudo muito cedo. E como ainda estamos no verão, o sol ainda brilha lá fora e já estamos sentados para jantar. E essa é a hora em que sou mais preguicoso...

Dadas as boas vindas, cantamos (ou balbuciamos palavras, no meu caso) uma cancão sueca que dizia basicamente que, ao final da cancão, quem não bebesse todo o drinque tradicional a sua frente não merecia estar ali. Logicamente, bebi a tal bebida. Parecia uma lapadinha de cana, só que tinha o teor alcólico mais alto (aliás, alguém pode me informar o teor alcólico da cachaca?), um cheiro de perfume brega e um gosto que lembrava material de limpeza. Tomei uma cerveja pra tirar o gosto daquilo.

Serviram o jantar. Eu estava ansioso pra saber o que era. Visualmente, foi uma decepcão: eram cubinhos de batatas com bacon, beterrabas e um ovo frito. Quando comecei a comer, no entanto, a decepcão foi maior ainda: tinha realmente o gosto de batata com bacon, beterraba e ovo, só que sem sal. Detalhe: nem comi tanto no fim da tarde, já que teria este jantar, que me disseram que era legal...

Mas comida à parte, o clima estava legal no lugar e às 20:30 chegou o coral da faculdade. Aí sim a coisa ficou boa. Coral aqui é levado muito a sério (há até um festival no mês que vem com corais de toda a Europa). Os caras são realmente bons, como pouco corais que vi no Brasil.

Depois do coral arrebentar, aí o pessoal do jantar (éramos umas 40 pessoas, em duas mesas grandes com decoracão nas cores suecas) voltou a cantar mais cancões. E no final de cada uma tinha que virar o tal do drinque. Após o quarto drinque, de repente, eu e vários colegas estrangeiros aprendemos sueco e cantamos as músicas em alto e bom som. Os suecos sorriam surpresos com nossa inteligência repentina. Eles mesmo já bem menos formais que no início do jantar.

Depois, fomos todos para uma "nation", onde pudemos praticar mais sueco.

Moral da história: enquanto comida ruim só provoca gases, uma bebida ruim (mas forte) pode aumentar o seu QI.

Jantar indiando

Essa foto foi tirada na cozinha do corredor onde estou morando, num domingo há dois fins de semanas.

Ravi, primeiro à minha direita, ofereceu um jantar indiando pra todo mundo do corredor. Os demais e suas nacionalidades são: Patrícia, Rússia; Kamal, Azerbaijão; János, Romênia; Nicol, Hungria; Maria, Espanha; Yasemim, Inglaterra; uma maigo de Ravi que não sei nome, Índia; Baptiste e Antonie, ambos da Franca.

O jantar foi ótimo, animado. E a comida, vegetariana, estava muito saborosa e picante. O dia seguinte, no entanto, não foi tão divertido...

Turning Torso

Um dia antes de sair do Brasil, assisti no Bandnews que aquele louco que pula de paraquedas nos mais altos edifícios do mundo havia pulado do mais alto prédio residencial da Europa...
Passeando por Malmö, de repente me deparei com o edifício da notícia. É esse aí embaixo, cuja altura e a arquitetura realmente impressionam.
A região de Oresund (que compreende o sul da Suécia - região chamada de Skåne - e o leste da Dinamarca, incluindo Copenhagen) é uma das que mais cresce atualmente na Europa. O bairro onde está construído o edifício era uma área industrial e está se transformando num bairro de luxo à beira mar.
Mas o que impressiona mesmo é o Turning Torso, com sua arquitetura retorcida.
Bem, as fotos falam por si mesmas.



Primeira, de muitas, visitas à Malmö

Malmö (pronuncia-se Malmêr) é uma cidade com cerda de 300 mil habitantes, o que faz dela a terceira maior cidade da Suécia.
E fica há apenas 15 minutos de trem de Lund, o que faz dela quase uma continuacão de Lund. Um lugar para se fugir sempre que o saco estiver cheio da vida estudantil

Assim, fui conhecer a cidade num sábado de sol e temperatura de verão europeu (cerca de 22 graus). A idéia inicial era passar rápido pela cidade e ir conhecer as praias suecas, mas acabamos (eu o polonês Petr, a sérvia Negosawa e o sueco Frederic) nem chegando a ver, de fato, o mar.

Então apenas passeamos, despreocupada e lentamente - como convém ao turista que sabe que vai voltar ali centenas de vezes - pela praca central, onde está a prefeitura, e pelas principais ruas comerciais, até que decidimos parar para berber algo numa praca cercada de bares, todos com as mesas absolutamente lotadas. Depois, um almoco em outro lugar (mais barato). Após, um café em outro lugar (mais aconchegante), e acabamos o dia na metade do caminho pro mar, conhecendo apenas o centro e um pouco do novo bairro costeiro da cidade.

Fotos:

1. Estacão Central de trem e um dos canais de Malmö;
2. Escultura pacifista à frente da estacão de trem.
3. Prefeitura de Malmö;