quinta-feira, setembro 20, 2007

Dancando no escuro da biblioteca

Faz exatamente uma semana que não escrevo nada no blog.
Também não comecei a esrever a tese.
Só tenho lido e mudado o rumo da futura dissertacão a cada dia.

Mas hoje estou sem saco pra ler sobre a Organizacão Mundial do Comércio e sobre qualquer coisa ligada a direitos humanos. Por isso, aqui na biblioteca, liquei o itunes no laptop e ouco R.E.M.

E se fechar os olhos, posso me imaginar dancando no escuro.
E dancando no escuro enquanto os escuto posso lembrar do rock in rio III, quando eles tocaram losing my religion...

That was not just a dream!

quinta-feira, setembro 13, 2007

Como suportar as notícias do Brasil?

Estando tão distante, restrinjo minhas leituras de notícias sobre o Brasil ao folha online, que leio diariamente. Mesmo assim, sem assitir a nenhum jornal à noite; sem ler nenhuma revista; e sem ninguém conversar comigo sobre as notícias diárias, é difícil não ser atingido com a quantidade de notícias terrivelmente vergonhosas provenientes da "política" no Brasil.

Na melhor das hipóteses, há dois países distintos convivendo simultaneamente no Brasil: um é o Brasil em seu regime e práticas políticas; outro é o resto, negligenciado e extorquido pelo primeiro.

Na pior das hipóteses, há um só país. Mas eu não quero acreditar nisso, por mais difícil que seja.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Semana cheia

Já devia ter escrito sobre o final de semana na casa de verão dos pais de Björn, mas não deu tempo.

Os três primeiros dias desta semana foram de imersão total na busca de um foco para minha tese. Estou indo para a biblioteca pela manhã e só chego em casa perto das dez da noite. Tenho me mantido calmo e concentrado, o que não quer dizer que não estou estressado, apenas estou consegundo controlá-lo melhor.

Troquei idéias via email com meu orientador e já deu pra notar que fiz a mais acertada das escolhas. De cara ele me deu sugestões excelentes que estão me ajudando sobremaneira. Hoje, após já ter enchido quase três arquivos de material impresso, sinto-me mais próximo dos meus objetivos iniciais.

Está sendo interessante ver a coisa caminhando, ainda sem saber onde vai chegar, mas indo com um pouco mais de confianca. Enfim, ontem e hoje foram os primeiros dias em que senti prazer nesta pesquisa. Saindo da biblioteca hoje pensei no quanto pode ser prazeiroso passar mais e mais dias por lá.

Sei que o sentimento com relacão à tese vai mudar inúmeras vezes até a conclusão. Entretanto, os momentos de satisfacão devem ser aproveitados, como este. É por isso que não escrevi sobre o fim de semana no blog.

Mas vou escrever logo, pois o fim de semana foi suecamente fantástico.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Fim de semana, finalmente

Não volto a escrever no blog pelo menos até a segunda. É que amanhã eu e mais 11 colegas vamos viajar cinco horas de carro para passar o final de semana na casa de verão de Björn, a qual, segundo ele, está no meio da mais sueca das paisagens, às margens de um lago no meio da floresta.

O momento para essa viagem não poderia ser mais perfeito, pois essa semana foi duríssima. A falta de foco da tese continua me preocupando, mas pelo menos cheguei a um esqueleto preliminar que, apesar de não ser satisfatório, pode ter salvacão. Além disso, dividi minhas aflicões com meu orientador e semana que vem vou conversar com dois especialistas na matéria. Assim, vou pro fim de semana com uma sensacão de que pelo menos fiz o que podia e que haverá uma luz no fim da tese. :-)

E este é um final de semana muito especial. Quero aproveitá-lo ao máximo.

Bom final de semana pra todos.

No jornal sueco

Saiu no jornal de ontem uma entrevista que fizeram comigo e com duas estudantes também estrangeiras (da Hungria e da China) no final do semestre passado. O jornal que publicou foi o Sydsvenskan, que é o maior jornal do sul da Suécia e, por consequência, um dos maiores do país.

A entrevista fez parte de um caderno especial para estudantes, que é publicado no início do ano letivo sueco. Foi legal, mas é estranho, pois eu não entendo quase nada do que está publicado. Além disso, a foto ficou terrível. Foi muito esquisita a sessão de fotos, em frente ao museu Kulturen. O fotógrafo disse pra alguém contar uma piada, pois ajudaria a agir "naturalmente". Claro que ninguém lembrou de nenhuma piada e ficamos sorrindo e rindo do nada. E foi a foto tirada nesse momento que calhou de ir pro jornal... horrível. Mas, honestamente, não acho que as outras tantas fotos que tiraram ficaram melhores. Estávamos os três totalmente sem graca, passando um mico que só é permitido fora de nossos países. Depois da sessão de fotos, tenho um novo respeito pela profissão de modelo.

Logo depois que vi o jornal, que eles tiveram a delicadeza de mandar pro meu apartamento, ainda de manhã, fui pra biblioteca me estressar mais uma vez com minha tese. No caminho, encontrei com um professor e com a diretora da biblioteca e ambos comentaram que me viram no jornal e me agradeceram pelo que falei sobre Lund. Eu tive perguntar: "O que foi que eu disse?" Eles riram.

"Dizem" que eu disse que não reconheci a cidade quando cheguei, pois minha referência era apenas o centrinho histórico; que recomendei visitas às diversas bibliotecas da cidade e ao Kulturen; que elogiei a cultura ciclística e que critiquei a falta de opcões para não-estudantes na cidade e o preco dos cinemas. Então tá bom. Concordo com tudo.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Longo dia de um semestre tese adentro

Antes de adormecer lá pelas quatro da manhã, pensando e re-pensando coisas relevantes e besteiras desnecessárias, inúteis ou simplesmente más, decidi não ir pra aula de "teoria e método", pois achei que iria muito mais nervoso do que aprender qualquer coisa. Acho que fiz bem.

Como não fui pra aula, fui até Malmö me afastar um pouco da universidade e fazer compras (santa e cara terapia). Comprei duas calcas jeans, um cachecol novo e livros de ficcão. Andei um pouco, comi num chinês, tomei café na bela lilatorget e levei a máquina fotográfica pra consertar. Na assistência técnica, o técnico disse que o sistema ótico da máquina estava danificado e que não valeria a pena consertar, mas disse que poderia fazer uma tentativa radical, seu eu permitisse. Dei minha permissão e ele segurou a máquina em uns locais especiais e a bateu com toda forca sobre a mesa. Quando tentou ligar de novo, a máquina funcionou. Ah se todo conserto fosse assim! Mas ele disse pra não tentar fazer aquilo sozinho. E não farei. Se quebrar de novo, levo a máquina lá mais uma vez pra uma batida.

Agora à noite, depois de mais pesquisas, tentando encontrar o foco perdido da tese, cheguei à conclusão que eu não tenho um tema ainda, como eu achava tinha. Eu tenho um campo no qual quero escrever, mas não tenho tema.

"Muita hora nessa calma," como dizíamos nos tempos da faculdade de Direito. É o que preciso agora. E um pouco de orientacão também. Amanhã tentarei conversar com alguns pesquisadores da Universidade.

E continuo comendo horrores. Hoje fiz um jantar (cuscus marroquinho com uma porrada de coisa) que dava pra alimentar umas três pessoas. E agora, meia-noite, estou com fome de novo. É hora de umas fatias de pão com nutela...

Becu, vou lembrar de você e tentar seguir seu conselho. Mas só depois de re-encontrar o foco da tese. :-)

terça-feira, setembro 04, 2007

Tese. Pânico

A tese do mestrado tem sido pensada e cozinhada desde que eu cheguei aqui. Tudo ia bem, dentro de uma santa calma e certo prazer... até hoje.

Hoje, após uma aula de "teoria e método", instalou-se o pânico. De repente, me vi sem material decente, sem foco e sem a tal da teoria e método. Minha idéia me pareceu (o sentimento ainda não passou) aberta demais e irrelevante. Vi-me sem nada, sem rumo e sem saída.

Depois de almocar, passei umas horas na biblioteca e parecia que estava conseguindo alguns mínimos avancos na tese e no meu sentimento quanto à ela. Mas essa sensacão foi fugaz e tive que sair da biblioteca pra fazer qualquer coisa. Corri, comi feito um jumento e joguei videogame. Agora, de barriga cheia, vou pra um jantar e minha única intencão é não aborrecer ninguém falando sobre minha tese.

Se pudesse, ia mesmo era encher a cara. Mas hoje não dá, pois tenho outra aula de "teoria e método" amanhã às 8 da manhã. Honestamente, espero estar com mais sono do que pânico, pois hoje vai ser difícil dormir.

Dizem que é preciso passar por esse momento de pânico enquanto se escreve uma tese. Mas eu nem comecei a escrever a danada ainda...

Amigos, se durante a preparacão desta tese eu comer tanto quanto eu comi hoje, esperem por um Ulysses bem cheínho quando eu voltar pro Brasil.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Um ano e uma semana em Lund

A semana passada foi especial: completei exatamente um ano vivendo em Lund. Lembrei muito de como foi minha chegada em 28 de agosto de 2006 e reparei sem surpresa como minha perspectiva e expectativas mudaram (ou não) após um ano.

Há um ano, eu procurava por descobertas e tudo era basicamente um descobrimento. Tudo precisava ser vivido, conhecido e experimentado. A ansiedade ao mesmo tempo que não permitia relaxar, me incentivava a não perder nada, a não deixar de falar com ninguém, a não ficar dormindo, s não descansar tanto no fim de semana. Hoje, sinto-me senhor de Lund. Sei onde ir e quando ir. Sei também onde NÃO quero ir e NÃO quero fazer. Apesar de mais seletivo, meu desejo de aproveitar todas as oportunidades que me parecam interessantes não mudou.

Se fosse fazer um balanco deste um ano vivido em Lund (e já fazendo o tal balanco) eu diria que fiz quase tudo que quis. Viajei para lugares em que sonhei conhecer, fiz grandes amizades e desbravei e me surpreendi imensamente com o quão interessante é estudar Direitos Humanos. E mudei bastante, como tinha de ser. Não como se fosse dividir minha vida em antes e depois, mas como quem se conhece um pouco mais e passa a ser mais parecido consigo mesmo, como quem conhece mais suas fraquezas e se orgulha e até se apaixona por elas. Sinto-me mais ordinário e, ao mesmo tempo, mais singular em minha ordinariedade.

Mas a grande coisa, a grande novidade, parece-me ser um jeito mais calmo de viver, no qual estou dando os primeiros passinhos. Continuo sendo excitado demais, animado demais, ansioso demais. Entretanto, acho que estou alguns graus mais calmo agora e isso é maravilhoso. Talvez eu também esteja ouvindo melhors as outras pessoas, com um interesse mais sincero. Ou talvez isso seja apenas otimismo meu.

E agora estou às portas do segundo outono sueco. Da minha janela, vejo o forte vento do sul da Suécia soprando e comecando a derrubar as primeira folhas amareladas das árvores. Devo viajar um pouco menos neste outono (apesar de já ter 3 viagens agendadas) e me dedicar muito a minha tese de mestrado, o que imagino que será trabalhoso, mas também prazeiroso. Quero passar muito tempo nas bibliotecas e viver este momento acadêmico da melhor forma possível, pois não sei se farei um doutourado algum dia. Quero registrar aqui todo o desenrolar da tese.

Pra terminar, iria colocar um vídeo que fiz ainda em Brasília, quando estava preparando minha mudanca, já com uma saudade imensa de meu pequeno apartamento, mas o vídeo era grande demais pra ser colocado aqui... Mas, ainda sobre "mudancas", mudar é um saco, mas é também enriquecedor, pois se passa a vida um pouco a limpo ao juntar (e jogar fora) tantos objetos que acumulamos. Minha próxima mudanca, provavelmente, será de volta à Brasília.