Papinho com Clarice Lispector
O texto em si me deixou muito admirado. Mas foi uma pergunta sobre o texto dela, que era a mais difícil da prova e eu fui o único do meu grupo de colegas a acertar, que selou minha conexão com a literatura dela. A partir dalí, sempre que a leio, tenho a sensacão de que há algo cujo significado só eu posso entender, só eu posso acertar. E essa sensacão de cumplicidade aumenta o prazer da leitura em progressão geométrica.
Nesta noite fiz várias coisas práticas, como por a roupa pra lavar. Depois não consegui fazer mais nada que não navegar um pouco na internet, ver que minha caixa de emails estava quase vazia (e essa não é uma sensacão legal) e ler recortes de várias coisas. Aí no entrelinhas (http://www.tvcultura.com.br/entrelinhas/) vi um videozinho com alguns trechos de uma entrevista com Clarice Lispector. Nunca tinha ouvido a sua voz. Surpreendeu-me o seu sotaque, quase nordestino. Sua fala é simples e explodindo de relevância. Ela diz que quando não escreve, está morta. No momento da entrevista, acabara de escrever "A hora da estrela". Disse que veríamos se ela iria viver de novo depois...
Quando será que estamos vivos?
A vida é algo que não condiz com acomodacão. Às vezes é dor, às vezes prazer, às vezes relaxa, em outras estremece. Mas deve haver uma vontade corajosa, um tesão, um quê fulmegante e visceral que nos desafie e nos separe dos mortos. Às vezes a vida cansa, mas melhor é seguir exausto... ou dormir (só um pouco) para viver mais amanhã.
Às vezes tenho certeza de que estou vivo. É uma grande sensacão.