sexta-feira, setembro 29, 2006

Início do Mestrado



Óbvio que estava ansioso pelo início do curso
No fundo, tinha um fundado medo de que tinha feito um gigantesco esforco por nada.

E se o curso fosse terrível?
Apesar de lhe terem dito que o curso é muito bom... e se detestasse?

Felizmente, a primeira impressão foi a melhor possível.
Inicialmente, fizeram um tour pela instalacões da Faculdade de Direito e do Raoul Wallemberg Institute.
Sentiu aquele ambiente como absolutamente apropriado para seus estudos.
Sentiu-se naqueles filmes universitários que se passam em Cambridge, Oxford ou Harvard.

Mas, ao lado da imponência e seriedade do lugar, chamava a atencão a simpatia de todo o staff da Universidade.
Todos - do Sub-reitor, passando pelos Diretores, chefes de departamento, bibliotecários e até mesmo os estagiários - se apresentaram, descreveram suas funcões e lhes deram as boas vindas.

Obviamente, todos os estudantes se apresentaram e isso sim foi surpreendente.
Apesar da joviedade da turma, as experiência de alguns deles eram fantásticas.
Sentiu que não só os professores poderiam lhe ensinar muito.

E depois teve a aula propriamente dita.
Nestes primeiros dois meses, iria estudar Direito Internacional.

Depois da aula, claro, um chopp para que os agora já colegas se aproximassem.

Fotos:
1. Juridicum - Faculdade de Direito da Universidade de Lund;
2. Movimentacão de estudantes na frente do Centro Acadêmico.

Caminhadas

Andar foi o que mais fez nos primeiros dias em Lund.
Queria aproveitar as curtas férias antes do início das aulas.
Queria aproveitar os últimos dias antes do frio chegar.
Conhecer o lugar, esse era seu primeiro objetivo.

Passeou pelo centro durante dois dias inteiros, interrompidos apenas pela resolucão de problemas burocráticos, como abir uma conta num banco sueco, cadastrar-se no registro de populacão, pagar a associacão estudantil, inscrever-se (e pagar) uma "nation", pesquisar laptops, comprar roupa de cama...

Bem, no tempo que soubrou da burocracia e primeiras necessidades, passeou.


Rua próxima ao Museu Kulturen



Reitoria da Universidade de Lund



Centro de Lund, entre a Catedral e uma pequena capela.

Uma visita à Catedral




Ainda nos primeiros dias na cidade, foi à catedral.
Todos sabem que não é muito religioso, mas, bem, essa era uma visita turística.
Queria conhecer a arquitetura do lugar, afinal, era uma catedral antiga, do tempo em que Lund ainda pertencia à Dinamarca.

Entrou. Andou pelos lados da igreja.
Gostou do seu estilo, um tanto gótico, um tanto simples. Sentiu-se contemplativo e ficou feliz.
E a felicidade o fez grato e, já que estava ali, resolveu rezar.

E rezou, com séria sinceridade, uma oracão de agradecimento.

A praca central de Lund

Esse é um videozinho mixuruca gravado num domingo de sol, na praca central de Lund, quando um grupo/coral masculino ia se apresentar.

Primeiros dias... continuadas preocupacões


O pulso doía ao menor esforco.
Carregou as malas pesadas por muito tempo.
Tempo suficiente para adicionar-lhe mais esta preocupacão.

Preocupava-se com a compra de um laptop
Preocupava-se em fazer de seu quarto um lugar agradável
Enfim, não sabia mais viver sem stress.

Mas...

Conheceu seus futuros colegas
Finalmente, bebeu um pouco para comemorar sua chegada
Foi à primeira festa numa "nation"
E gostou.

(obs.: "nations" são grêmios estudantis. Na universidade de Lund há 12 nations. Eles oferecem acomodacão, refeicões mais baratas, bebidas mais baratas e promovem eventos de socializacão e festas. Enfim, são os lugares para onde vão os universitários. Enquanto que num bar qualquer, um chopp custa 17 reais facilmente, numa nation ele custa apenas 7 ou 8 reais. Um almoco numa nation sai por uns 10 reais, o que é um preco fantástico pros padrões suecos)

(obs.2: A foto não é de uma nation, mas sim do centro acadêmico, onde fui a festa de recepcão no dia seguinte)

A primeira noite de um quarto num corredor sueco


À noite
No quarto
No SEU quarto, que acabara de limpar
Pensou em escrever

Havia pensado muito neste momento enquanto estava no Brasil
O fim da viagem de ida
A chegada
O momento em que se sentiria em casa e iria se perguntar: _ E agora?

Mas estava muito cansado... e preferiu dormir.

Vildansdavägen, Lund. 01.09.2006

Sabedoria de Ipod. Dia 2

Na primeira caminhada em Lund, sob chuva, decidiu consultar seu ipod.
O aparelho tocou "I'm only happy when it rains", do Garbage.
Riu estupefado com a sapiência do aparelho.

O zumbido de cada dia. Do primeiro dia


Perguntou-se o que mais o impressionara em seu primeiro dia sueco.

O preco do táxi e do hotel?
Inacreditavelmente, não.
O silêncio falava mais alto.

Havia um vagão no trem de Oresund Bridge especialmente para os silenciosos.
As ruas eram silenciosas.
O burger King era silencioso.
Seu quarto de hotel era totalmente silencioso.

Ouviu o zumbido natural de seu maltratado ouvido por toda a primeira noite sueca.
Ouviu-o novamente pela manhã.
Se conseguisse considerar o zumbido como companhia, raramente estaria só.

A beleza sueca lhe parecia tão estática... com excecão de suas nuvens.
Comecava a pensar, sim, no zumbido como companhia.
mas preferia esta só.

Bem, pensou, desejar a solidão quando dela se está tão perto pode ser um bom sinal.

Hotel Lundia, 30.08.2006. 8:27

(A foto é de uma rua comum, silenciosamente comum, de Lund)

Sabedoria de Ipod

Ainda em Brasília, decidiu que a música seria seu horóscopo.
Deixaria a funcão randômica do ipod selecionar uma cancão e dela interpretaria como seria o dia, no que devia prestar atencão e como deveria agir.

Mas teve um pouco de medo...
Apesar dele mesmo ter selecionado as músicas do ipod, certamente havia músicas tristes, músicas que o levariam a interpretacões nada promissoras.

Então, para aquela primeira música, na fila de embarque no aeroporto de Brasília, que decidiria a sorte de toda a viagem (assim decidiu) selecionou ele mesmo a faixa: Hi-Speed Soul, do Nada Surf.
Afinal, poderia deixar a previsão de um dia a cargo de um "shuffle songs", mas a sorte da viagem inteira? Não, isso não. Ele mesmo decidiria a sorte da viagem. E assim o fez.

Decidida a BOA sorte da viagem, aí sim acionou a randomizacão, que naquele momento funcionaria apenas como o um complemento da sorte que escolhera (como se fosse a influênicia da lua em um signo).
O aparelho tocou Queen: "friends will be friends".

Concluiu decidido: o ipod era mas sábio que ele.
Deixaria o aparelho decidir sua sorte mais independentemente agora.

...Mas conitnuaria de olho nele.
Grandes responsabilidades não podem ser deixadas sem supervisão.

Aflicões de viagem na terceira pessoa II

O Vôo sobre o atlântico foi incômodo
Dormiu pouco. Não achou posicão na cadeira
Mas estava calmo em Amsterdã, uma cidade leve
Poderia morar ali por um tempo
E seria feliz.

Teve um bom momento no aeroporto
Uma mensagem de celular o fez se sentir menos só
Também se sentia mais próximo da casa - Lund - agora
Estava há apenas 1:40 de embarcar

Suas preocupacões:
- O peso das malas;
- Dinheiro, sempre dinheiro;
- Onde dormiria naquela noite;

Após listar suas preocupacões, notou que aquela tinha sido uma péssima idéia.
Já não estava calmo.

Schippol airport, 29.08.2006

Aflicões de viagem na terceira pessoa I

Tinha que escrever algo
Decidiu: escrever seria seu remédio
Ipod, gameboy, livros e tudo o mais que preparou... falharam
A saída era escrever

A solidão era palpável
De forma alguma gentil, elegante, aprazível. Era medonha
Sentia o pânico do abandono
Sabia que se vertesse a primeira lágrima... não saberia mais nada

A cada passo, um novo medo
Quando seria capaz de relaxar, afinal, se a cada instante criava uma nova tensão?
Anos de RPG jogados fora num portão de embarque
Todo duro, todo tenso, todo só

Todo?
Não, esfrangalhadamente só
Nunca havia sentido tão fortemente a razão do ditado "cuidado com o que desejas"
Comecou a ter dor de cabeca.

Guarulhos, 28.08.2006. 17:29