domingo, janeiro 28, 2007

Papinho com Clarice Lispector

Não antes, mas desde que "o beijo" caiu na minha prova de português pro vestibular de Direito da UFPB, passei a ser um fã incondicional de clarice Lispector.

O texto em si me deixou muito admirado. Mas foi uma pergunta sobre o texto dela, que era a mais difícil da prova e eu fui o único do meu grupo de colegas a acertar, que selou minha conexão com a literatura dela. A partir dalí, sempre que a leio, tenho a sensacão de que há algo cujo significado só eu posso entender, só eu posso acertar. E essa sensacão de cumplicidade aumenta o prazer da leitura em progressão geométrica.

Nesta noite fiz várias coisas práticas, como por a roupa pra lavar. Depois não consegui fazer mais nada que não navegar um pouco na internet, ver que minha caixa de emails estava quase vazia (e essa não é uma sensacão legal) e ler recortes de várias coisas. Aí no entrelinhas (http://www.tvcultura.com.br/entrelinhas/) vi um videozinho com alguns trechos de uma entrevista com Clarice Lispector. Nunca tinha ouvido a sua voz. Surpreendeu-me o seu sotaque, quase nordestino. Sua fala é simples e explodindo de relevância. Ela diz que quando não escreve, está morta. No momento da entrevista, acabara de escrever "A hora da estrela". Disse que veríamos se ela iria viver de novo depois...

Quando será que estamos vivos?

A vida é algo que não condiz com acomodacão. Às vezes é dor, às vezes prazer, às vezes relaxa, em outras estremece. Mas deve haver uma vontade corajosa, um tesão, um quê fulmegante e visceral que nos desafie e nos separe dos mortos. Às vezes a vida cansa, mas melhor é seguir exausto... ou dormir (só um pouco) para viver mais amanhã.

Às vezes tenho certeza de que estou vivo. É uma grande sensacão.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi, Ulysses...
Sou fã de Clarice desde sempre. É uma literatura seca, questionadora, cortante.
Alguns livros dela só pude ler uma vez, pq me colocaram em contato direto com questões de vida que me machucavam. Parece que ela vai direto no calo, e de salto alto.
Outros, principalmente os contos, são mais leves, e parecem crônicas do dia-a-dia.
Mas uma coisa é certa: sempre fica uma marca da leitura de Clarice. Impossível esquecer o primeiro contato que tive com "A hora da estrela".

Acho que você achou o centro do que ela propunha nos seus livros: Quando temos certeza de que estamos vivos?

Um abraço...

10:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi, Ulysses...
Sou fã de Clarice desde sempre. É uma literatura seca, questionadora, cortante.
Alguns livros dela só pude ler uma vez, pq me colocaram em contato direto com questões de vida que me machucavam. Parece que ela vai direto no calo, e de salto alto.
Outros, principalmente os contos, são mais leves, e parecem crônicas do dia-a-dia.
Mas uma coisa é certa: sempre fica uma marca da leitura de Clarice. Impossível esquecer o primeiro contato que tive com "A hora da estrela".

Acho que você achou o centro do que ela propunha nos seus livros: Quando temos certeza de que estamos vivos?

Um abraço...

10:06 PM  
Blogger Jellyfish said...

Sílvia,
Vc que fez vestibular junto comigo, lembra da questão da prova de português da primeira etapa sobre o beijo?´
Vc viu o a entrevista com o trechinho de "A hora da estrela?"

1:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

... e não esqueçamos que foi exatamente com a interpretação da ilustre Macabéa, na versão cinema de "A Hora da Estrela" que a nossa conterrânea made in cajazeiras/pb, Marcélia Cartaxo, ganhou o urso de Prata de Berlin, em 1985... vi o filme mesmo sem ter lido o livro e assino em baixo, é show de bola mesmo!!!!
Abração!!!

5:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Ulysses,

Fui apresentada a dona Clarisse Lispector aos 9 anos, com um livro, dizem, voltado para o público infantil chamado "A Mulher q Matou os Peixes". Eu era uma criança, mas algo naquele texto deixou-me fascinada.
Agora fiquei curiosa sobre essa questão do vestibular que só vc acertou. Conta!
Bj,
Leila

3:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mais uma fã da Clarice. Eu só tinha ouvido falar... só conheci mesmo há 2 anos e 11 meses. Foi no dia das mulheres de 2004, eu havia me mudado pra Brasília há exatamente um mês e fui numa leitura de textos em homenagem ao dia das mulheres. Ouvi e me apaixonei. Desde então, não paro de ler.
Por onde vc anda? Faz tanto tempo que não escreve anda aqui que fiquei preocupada.

7:30 PM  
Blogger Jellyfish said...

A questão que caiu na minha prova perguntava qual dos sentidos despertou o desejo sexual do garoto que acabara de beijar a estátua/fonte. Todos os meus amigos responderam que foi o tato (quando a boca do garoto tocou a boca da estátua, de onde jorrava a água que ele bebia naquele momento de sede), mas a resposta correta era a visão, pois o desejo sexual surgiu só após o beijo, quando o garoto abriu os olhos e viu a fonte era uma boca feminima.

9:51 PM  
Anonymous Anônimo said...

Por que é tão difícil se fazer visto neste blog?
Ulisses.

3:02 AM  

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