Legal pra cachorro
Quem me conhece um pouquinho sabe que minha relacão com cachorros nunca foi muito próxima ou amistosa. Jamais tive um e quando era crianca sempre fiz de tudo (com sucesso) pra que meu irmão não tivesse também. Não é que detestasse cachorros, apenas não entendia bem a razão de me aproximar e desconfio um tantão do que não consigo entender.
Assim, naquela primeira manhã na Lapônia, às nove da manhã, quando o sol apenas comecava a aparecer, achei que era uma brincadeira de mal gosto quando Tumás (dono do albergue e guia do passeio nos trenós puxados por cachorros) me entregou quatro coletes, cordas e fixadores e disse pra eu entrar no cercado com quatro ruskis siberianos (não sei se a grafia está correta) pra colocar os coletes neles e depois conectá-los no trenó. Entrei por pura vergonha de dizer não, mas pensava que seria só uma questão de segundos pra ele notar que aquele não era um trabalho que eu poderia fazer.
Não poderia ficar mais espantado com a recepcão! Os cachorros só faltaram fazer fila pra que eu colocasse o coleste neles. Eu, com uma crônica falta de habilidade, tentava colocar o colete e eles me olhavam pacientes e me ajudavam dando as patas (uma de cada vez), se negando a pô-las no lugar errado e balancando um pouco a cabeca pra que o colete (meio apertado) encaixasse perfeitamente neles. Depois, liguei as cordas ao trenó e eles ficavam olhando pra mim com um olhar como de agradecidos. Alguém que é apaixonado por cachorros deve entender como funciona essa relacão de inexplicável cumplicidade. Para mim, foi quase como uma revelacão.
Depois de algumas instrucões básicas, saí pela neve puxado por cinco cachorros. Quando havia uma subida mais forte, tinha que ajudar um pouco os cães, empurrando o trenó, mas no mais o grande trabalho é frear, pois eles correm para o fim do mundo. Mesmo sabendo que eles são treinados pra isso, a sensacão de confianca que eles me transmitiam (eles reconhecem o condutor como líder instantaneamente) era algo fantástico. Sentia-me completamente responsável por eles. Lembrei de um filme em que um cara volta pra salvar os cahorros no meio de uma tempestade de gelo. Pareceu-me a coisa mais óbvia a ser feita no mundo.
Na única parada pra tirar foto, os cachorros descandavam, rolavam na neve pra se refrescar e me olhavam, então fui dar um abraco em cada um deles. Foi legal quando olhei pros outros trenós e vi que todo mundo, antes de ir falar com os demais, estava interagindo com os cachorros que puxavam seus trenós. Só depois comecamos a tirar as fotos e fazer inveja uns aos outros, comentando o qualidade de "nossos" cães.
A temperatura estava em 17 graus negativos, mas eu estava mais suado do que num terno no verão paraibano. O sol brilhava forte e refletia na neve. Ao fim do passeio, que durou quatro horas, eu estava com a pele do rosto queimada.
No final, cada um de nós pôs "seus" cachorros nos cercados e lhes tirou os coletes. A única instrucão necessária foi para que saíssemos do cercado.


Assim, naquela primeira manhã na Lapônia, às nove da manhã, quando o sol apenas comecava a aparecer, achei que era uma brincadeira de mal gosto quando Tumás (dono do albergue e guia do passeio nos trenós puxados por cachorros) me entregou quatro coletes, cordas e fixadores e disse pra eu entrar no cercado com quatro ruskis siberianos (não sei se a grafia está correta) pra colocar os coletes neles e depois conectá-los no trenó. Entrei por pura vergonha de dizer não, mas pensava que seria só uma questão de segundos pra ele notar que aquele não era um trabalho que eu poderia fazer.
Não poderia ficar mais espantado com a recepcão! Os cachorros só faltaram fazer fila pra que eu colocasse o coleste neles. Eu, com uma crônica falta de habilidade, tentava colocar o colete e eles me olhavam pacientes e me ajudavam dando as patas (uma de cada vez), se negando a pô-las no lugar errado e balancando um pouco a cabeca pra que o colete (meio apertado) encaixasse perfeitamente neles. Depois, liguei as cordas ao trenó e eles ficavam olhando pra mim com um olhar como de agradecidos. Alguém que é apaixonado por cachorros deve entender como funciona essa relacão de inexplicável cumplicidade. Para mim, foi quase como uma revelacão.
Depois de algumas instrucões básicas, saí pela neve puxado por cinco cachorros. Quando havia uma subida mais forte, tinha que ajudar um pouco os cães, empurrando o trenó, mas no mais o grande trabalho é frear, pois eles correm para o fim do mundo. Mesmo sabendo que eles são treinados pra isso, a sensacão de confianca que eles me transmitiam (eles reconhecem o condutor como líder instantaneamente) era algo fantástico. Sentia-me completamente responsável por eles. Lembrei de um filme em que um cara volta pra salvar os cahorros no meio de uma tempestade de gelo. Pareceu-me a coisa mais óbvia a ser feita no mundo.
Na única parada pra tirar foto, os cachorros descandavam, rolavam na neve pra se refrescar e me olhavam, então fui dar um abraco em cada um deles. Foi legal quando olhei pros outros trenós e vi que todo mundo, antes de ir falar com os demais, estava interagindo com os cachorros que puxavam seus trenós. Só depois comecamos a tirar as fotos e fazer inveja uns aos outros, comentando o qualidade de "nossos" cães.
A temperatura estava em 17 graus negativos, mas eu estava mais suado do que num terno no verão paraibano. O sol brilhava forte e refletia na neve. Ao fim do passeio, que durou quatro horas, eu estava com a pele do rosto queimada.
No final, cada um de nós pôs "seus" cachorros nos cercados e lhes tirou os coletes. A única instrucão necessária foi para que saíssemos do cercado.


7 Comments:
Que gracinha esses cachorros, Ulysses! Eu tb tenho uma relação distante com cães e fiquei tocada com o seu relato.
Lendo isso, dá mesmo pra entender as pessoas que adoram esses animais e os tem como amigos próximos.
Bjs! (Tô na contagem regressiva para visitá-lo!)
Show de bola totô!!!! Sempre fui fascinado pela expressividade dos animais. Esses cachorros parecem mesmo fazer jus à condição de amigos do homem!!!! Só perdem, claro, pra uma gata preta vira-lata fantástica que reina em absoluto aqui em casa, eheheheheheh
ABRAÇÃO!!!!!
Faaaalaaaaaa Ulysses...(é o Ronny) Achei seu blog garoto. Realmente, acho que vc tinha colocado o endereço no genteboa, mas acredito que eu não vi, ou pelo menos não tinha registrado.
O relato foi ótimo, aliás, vc sempre foi muito bom nisso (tanto que tornou muito mais dolorosa a minha "não ida" ao show do pearl jam, com aquela sua narração do evento).
Amigo ... grande abraço, que deus continue lhe acompanhando.
Passada... saí como anônima no texto q te mandei. Mas sou eu, Leila, viu Ulysses?
Bjs
Leila, reconheceria você ainda que você não tivesse dito que estava em contagem regressiva pra vir pra cá. Aliás, também estou em contagem regressiva. Essa semana está sendo muito louca (depois de conto as novidades), por isso dei um tempo sobre Lapônia, mas no fim de semana eu continúo. Grande beijo, Ulysses.
Opaaa...td bem??
Beijosss
Beco e Mainha
Tudo ótimo.
Estou com muita saudades de vocês.
Beijo grande,
Ulysses.
Postar um comentário
<< Home