Lapônia I
Julia Breslin, colega americana do mestrado, foi comigo e mais quatro colegas numa viagem de trem para o extremo norte da Suécia, região acima do círculo polar ártico que conhecemos como Lapônia.
Ontem, numa festa em que estávamos tomando vinho, ela me contou que mandou um email pra família contando sobre a viagem e ficou decepcionada consigo mesma porque o email era cheio de adjetivos genéricos e superlativos, tais como: fantástico, indescritível, incrível, belíssimo, inacreditável, fascinante, etc. Ela disse que se sentiu uma adolescente sem vocabulario.
Estou sob influência do comentário dela, que é, de fato, muito pertinente. Assim, hoje, que comeco a descrever um pourquinho a viagem pra Lapônia, vou evitar ao máximo adjetivizar as coisas, pois senão acabarei perdendo o rumo ao tentar descreve a experiência que, (comecando a me contradizer) foi inesquecível e superlativa.
A viagem, na verdade, comecou de avião pra Estocolmo. Foi de lá que pegamos um trem pra Abisko. O trem, no entanto, atrasou devido às nevascas que caíram na Suécia nos três dias que antecederam nossa viagem. Lund, inclusive, estava com quase meio metro de neve no dia em que saímos pra Estocolmo. Daí esperamos por três horas em Estocolmo, o que foi ótimo, pois saímos pra brincar tentando comer os flocos de neve que caíam e depois assistimos junto com os suecos à transmissão de um partida de hóquei no gelo. Parecia final de campeonato brasileiro de futebol, tamanho barulho no bar.
A viagem de trem demorou 19 horas até chegar em Abysko que é a última cidade sueca servida pelo trem. No caminho, dormimos, tomamos um pouco de vinho e contemplámos a paisagem que foi sempre branca. A Suécia estava completamente coberta pela neve e, a medida que avancávamos rumo ao norte, a neve ficava mais alta e já não dava pra distinguir um lago congelado de um campo congelado, pois a neve cobria tudo.
Chegamos em Abysko na tarde da sexta-feira. A cidade é bem pequeninnha. No Brasil, nem cidade seria de tão pequena. São apenas 167 habitantes que moram em casas esparsas nas margnes de um lago que estava totalmente congelado. O que há de mais imponente na cidade é a estacão de trem. Fora ela, tem um posto de gasolina, um supermercado, um café, uma lojinha de artigos em geral e um albergue, onde nos hospedamos. Fazia vinte graus negativos quando chegamos e corremos pra comprar comida antes do supermercado fechar.
Nesta primeira noite, jantamos muito bem (Julia, Diana e Sally cozinharam todos os dias durante a viagem), tomamos vinho (levamos 15 litros de vinho pra Abyko, que não tem loja que vende álcool) e fomos todos pra sauna do albergue, sobre a qula conto depois.
E o tempo todo saíamos pra olhar pro céu. O grande objetivo da viagem era presenciar a aurora boreal. Mas o céu estava totalmente nublado (a previsão de tempo informava que iria continuar nublado durante toda a nossa estada) e fomos dormir cedo, pois iríamos acordar às nove da manhã... (continua)
Suécia coberta pela neve:


0 Comments:
Postar um comentário
<< Home