domingo, março 11, 2007

Aurora Boreal

Nos dias que antecederam a viagem pra Lapônia, na viagem de trem, nas primeiras horas em que estávamos em Abysko, só falávamos na aurora boreal: se o ceú iria estar limpo, se iríamos vê-la, se iríamos fazer plantão de madrugada pra não deixar de vê-la, se tínhamos bebida suficiente pra nos aquecer quando estivéssemos tentanto vê-la.
Primeira noite, nenhuma estrela visível no céu. Previsão do tempo confirmada: tempo totalmente fechado. Essa, aliás, era a previsão do tempo para todos os dias de nossa estada em Abysco.

No dia seguinte, no entanto, já pela manhã, o sol se fez totalmente presente quando estávamos nos trenós. À noite, o ceú estava plenamente estrelado. Era a hora!

O ápice eletromagnético no céu lapônico se dá entre 20:00 e 24:00. Este é o melhor momento pra tentar ver a aurora boreal. O problema é que estava por volta de vinte graus negativos do lado de fora e pra ver bem o fenômeno tínhamos que nos afastar um pouco do albergue, subindo um montezinho. Ficar olhando pra cima nessas condicões não é a coisa mais confortável. E o vinho ficava geladíssimo em questão de minutos.

Olhávamos, olhávamos, e nada da aurora boreal. Eu ouvia Sigus Rós no ipod e não ligava muito pro fato de não ter visto a aurora, pois céu era lindo. É preciso maior ênfase: ainda que sem aurora boreal, o céu do ártico é lindo! A lua, crescente, juntamente com as estrelas, refletiam na neve. Tudo era claro, limpo, silencioso e estático. Não havia vento. Num momento, tirei o ipod do ouvido e todos ficamos em silêncio. A sensacão era a de que o tempo havia dado uma pausa em sua passagem.

Mas, após ter visto duas estrelas cadentes, a aurora apareceu no horizonte. Um facho verde brilhante, mas beeeeemmmm fraquinho. "Será que é, será que não é", mas era. E depois ficou mais forte, mas nada de muito brilhante. Ficamos felizes, orgulhosos de termos visto o fenômeno, mas não completamente convencidos.

Foi só na noite seguinte que a aurora resolveu dar show. Ainda estávamos (eu e Julia Breslin. Os outros só vieram depois) subindo o montinho pra vê-la e ouvimos gritos de um grupo de chinesas. "Esse pessoal tá vendo o que? Não tem nada no céu". Aí olhamos pra trás e... susto. O horizonte estava tomado por um enorme e brilhante facho de luz, em formato de uma auréola, com alguns tracos verticais saindo da grande aureola horizontal. Aí fomos nós que gritamos e quase caímos na neve de susto. Tirei a máquina fotográfica do bolso, mas não saiu nada que prestasse, pois ela ainda estava configurada pro dia.

Esse ápice durou uns 3 minutos só. Depois, vimos o fenômeno várias vezes de novo, mas sem a mesma intensidade. As fotos abaixo são desses momentos e não fazem justica às luzes no céu. Stephan (colega que também estava lá) tem fotos melhores na máquina dele. A minha, coitada, mal conseguia ver a aurora e eu parei de tentar cedo, pois minha mãos estavam congelando.

Foi uma grande noite de lua, vinho, mais estrelas cadentes (2), vários momentos de jogo de luz verde e muito Sigus Rós no ouvido.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Huuuuuum.... descobriu o Sigur Ros foi?? Muito bem ;)

4:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

Que coisa Ulysses! Se eu não passar aí vou ficar mto decepcionada! Cada vez que leio o blog fico com mais vontade de estudar em Lund... E esse tal de Sigur Rós? Vou baixar agora... :)

11:25 PM  

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