segunda-feira, julho 16, 2007

No caminho até Estocolmo

O plano era passar duas semanas em Lund comecando a juntar material pra minha tese de mestrado. Na primeira semana, segui o plano à risca. Fui à biblioteca todos os dias e, se meu trabalho não foi lá muito produtivo, pelo menos já tive uma boa idéia de como escrever uma tese é mais complicado do que parece.

Mas, no fim de semana, Mikael me chamou pra passar uma semana em Estocolmo. Iríamos dirigindo pra lá e eu ficaria hospedado em um apartamento que ele alugou, mas não estava utilizando. Não deu pra recursar.

Há quase um ano eu não dirigia e confesso que sentia saudade. Dirigi a metade do caminho pra Estocolmo e foi ótimo. Não, foi melhor que ótimo. Choveu a viagem inteira, que durou cerca de nove horas, contabilizando as paradas. Mesmo assim, senti-me extremamente bem ao dirigir. Gosto muito do fato dos transportes públicos na Europa serem muito eficientes, especialmente os trens. Mas, desculpem-me os mais ecologicamente corretos, mas dirigir também pode ser extremamente prazeiroso.

Mais ou menos no meio do caminho, paramos num restaurante na beira da estrada, na beira da parte mais bonita da estrada. Tomei um expresso superfaturado, mas a vista compensou.


Depois, há cerca de duas horas de Estocolmo, próximo à cidade de Linköping, tomamos um desvio pra visitar os avós paternos de Mikael. Estradinha de terra, no meio da floresta, numa das áreas mais nobres do país. Entre casas que pareciam palácios, apenas algumas criancas passeando à cavalo.

Chegando ao destino, a avó de Mikael (88 anos) havia preparado doces tradicionais especialmente para nós, apesar de termos avisado da visita apenas 5 horas antes. Comemos as iguarias assistindo à final do torneio de Wimbledon, ao que o avô de Mikael (93 anos) assistia atentamente, comentando o quanto Roger Federer é impressionante. Mas eu estava impressionado mesmo era como eles eram saudáveis e lúcidos nesta idade. Estavam lá, sozinhos, numa casa de verão há pelo menos 30 quilômetros da cidadezinha mais próxima, cozinhando, cuidando com esmero de um jardim belíssimo, acompanhando winbledon e a volta da Franca de ciclismo e lendo. Haja genética privilegiada!

Estradinha agradável, ainda que com chuva

Uma das casas na beira da estrada. O mastro que aparece na foto é usado numa festa tradicional sueca que ocorre no solstício de verão. No ritual, várias criancas vestidas com trajes típicos dancam ao redor do mastro, segurando fitas coloridas que saem do topo. O ritual faz referência à fertilidade da terra sueca (só poderia ocorrer no verão) e, no fundo, o mastro significa um pênis e as criancas que ficam dancando ao redor dele representam sapos (símbolo de fertilidade). Pra quem acha que rituais estranhos são coisa da África, isso é a prova definitiva que isso não é verdade.

A foto abaixo é um estábulo...

Casa do tataravô de Mikael, onde o avô dele nasceu. Hoje é habitada por um dos irmãos do avô dele


Chegando em Estocolmo, os pais dele haviam preparado um jantar com carne brasileira. Foi um excelente fechamento pro dia, pois foi a melhor carne que comi desde que cheguei por aqui. Melhor, foi a primeira carne realmente decente que comi por aqui. Há tantos vegetarianos na Europa porque não é tão difícil abrir mão da carne européia...