segunda-feira, dezembro 04, 2006

Vida, para vovó

À morte de vovó se responde com vida em plenitude.

A distância, mais uma vez, me alienou e me protegeu de uma despedida de um ente querido. E minha família, mais uma vez, me reservou um tratamento de ternura e protecão. Já foram tantos que muito me amaram e foram amados que se foram quando eu estava longe...

Poucas vezes tive que passar pelos difíceis momentos de despedida. Restam-me praticamente incólumes as lembrancas dos momentos de felicidade.

Agora, minha querida avó está fisicamente ausente. Deveria estar mais triste do que estou, alguma voz dentro de mim aconselha. Mas não estou tão triste, nem tenho pressa de sentir a dor de sua partida. Todavia, sei que a dor virá: em aniversários, natais, domingos e quando menos esperar, a qualquer momento. E me permitirei sentí-la.

Claro, desejaria que ela ainda estivesse a um telefonema, a uma viagem aérea de distância. Mas neste momento me volto para sua vida, para tantas lembrancas... E não há como não sorrir de honra e alegria ao verificar que só me vêem à mente memórias fraternas. Agora, sua distância é um pensamento.

Com sua ida, perco um dos mais importantes parâmetros de minha vida. Vovó me dava uma avaliacão sincera do meu estado físico e emocional a cada um de nossos encontros. Eles eram curtos, mas amplamente antecipados. E tão fortes...

Vovó trasmitia transparência e sinceridade. Suas frases e opiniões sempre se faziam acompanhar de um gesto ou uma expressão facial em perfeita sintonia com o que estava expressando. Seu sorriso, lindo, era de um carinho infinito.

E, não fosse demonstracão de afeto suficiente, seu olhar me transmitia todo o sentimento, sem necessidade de qualquer outra palavra senão um “Deus te abencoe”. Ela me guardava um amor compreensível, mas, por mais que eu a tenha amado e ame, amplamente desmerecido.

A celebracão de sua vida é muito maior que a tristeza de sua morte. Muda a distância, permanece o legado.



2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ulisses, no momento não tenho palavras para comentar.
Beijos,
Tia Francisca

11:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ulisses (primo),
é muito difícil falar alguma coisa em um momento como esse. Só posso lhe dizer que a dor que estamos sentindo é muito grande, mas existe o conforto da lembrança, da boa saudade."seu olhar me transmitia todo o sentimento, sem necessidade de qualquer outra palavra senão um Deus te abencoe". Acho que isso expressa plenamente quem era nossa avó e o que ela será para sempre nos nossos corações!Fica com Deus!
Roberta Abreu e Bruno Abreu

11:39 PM  

Postar um comentário

<< Home